segunda-feira, 21 de março de 2011

Mecanismos de Defesa do Ego

A Psicologia enquanto disciplina surgiu na Alemanha em meados do século XIX definindo a sua missão como a análise da consciência no ser humano normal e adulto, isto é, descobrir os elementos básicos da consciência e determinar o modo como eles formam compostos.
Freud foi o primeiro teórico a enfatizar os aspectos do desenvolvimento da personalidade, apontando-a como resposta a quatro fontes de tensão: 
  • Processos de crescimento fisiológico 
  • Frustrações
  • Conflitos
  • Ameaças
Segundo Freud, a pessoa é forçada a aprender novos métodos para reduzir a tensão que emana destas fontes. Essa aprendizagem seria então o desenvolvimento da personalidade. 
A segunda temática de Freud define a estrutura da personalidade constituída por três grandes sistemas: o Id, o Ego e o Superego. Apesar de cada uma destas estruturas ter as suas funções e características específicas, as três trabalham enquanto sistema tão uno que é praticamente impossível distinguir o seu contributo para o comportamento humano separadamente.
O Id é o sistema original da personalidade que constitui a matriz do Ego e do Superego e inclui tudo o que é psicológico, herdado e está presente no nascimento e bem como os instintos. O Id representa o mundo interno da experiência subjectiva não tendo qualquer conhecimento da realidade objectiva (sendo totalmente inconsciente), e é o reservatório de energia psíquica (esta energia resulta do constante contacto entre o Id e os outros processos corporais) que alimenta os outros dois sistemas. Quando o nível de tensão do organismo aumenta, como resultado ou de estimulação externa ou de excitação interna, o Id funciona de maneira a descarregar a tensão imediatamente (a este mecanismo chama-se princípio do prazer).
O Ego existe porque as necessidades do organismo requerem transacções apropriadas com a realidade, isto é, o Ego controla todas as funções cognitivas e intelectuais, sendo um mediador entre as exigências dos instintos e as condições do ambiente circundante. Ao passo que o Id só conhece a realidade subjectiva, o Ego distingue as coisas da mente e as coisas do mundo externo. O princípio subjacente ao Ego é o princípio da realidade em que é evitada a descarga de tensão até ser descoberto um objecto apropriado para a satisfação da necessidade. Assim, o Ego opera por meio de um processo secundário, suspendendo temporariamente o princípio do prazer e permitindo a formulação de um plano para a satisfação das necessidades. O Ego é assim também designado como “executivo da personalidade”.
O Superego é a força moral da personalidade cuja principal tarefa é decidir se alguma atitude é certa ou errada para poder agir de acordo com os padrões morais autorizados pela sociedade, inibindo pulsões do Id e agindo em busca da perfeição. O Superego é assim um representante dos valores tradicionais e dos ideais da sociedade, em que o ideal representa mais que o real e procurando mais a perfeição que o prazer. Na interacção com o Ego o Superego” persuade-o” a substituir objectivos realistas por objectivos moralistas.
Assim, o Id é a componente biológica da personalidade, o Ego a componente psicológica e o Superego representa a componente social.
A dinâmica da personalidade consiste na maneira pela qual a energia psíquica é distribuída e utilizada pelo Id, Ego e Superego. Uma vez que a quantidade de energia é limitada há forte competição entre eles. O Id é o repositório de toda a energia, o que implica que o Ego necessita de fazer um desvio de energia (através do processo de identificação) permitindo que o processo primário seja substituído pelo processo secundário, uma vez que este é mais eficaz na satisfação das necessidades e na consequente redução da tensão. Parte da energia armazenada pelo Ego, serve para impedir o Id de agir impulsiva e irracionalmente e para efectuar uma integração entre os 3 sistemas, de forma a produzir uma harmonia interna.
A dinâmica da personalidade é fortemente governada pela necessidade de gratificar as próprias necessidades por meio de transacções com objectos no mundo externo. Sentir medo é uma reacção normal face às ameaças externas de dor e destruição, com as quais não estamos preparados para lidar. Devido à estimulação excessiva que não consegue controlar, o Ego é inundado pela ansiedade.
A ansiedade tem como função alertar a pessoa em relação a um perigo iminente e é um estado de tensão (uma pulsão como a fome ou o sexo) mas com origem em causas externas.
Freud distingue 3 tipos de ansiedade:
§  Da realidade - medo de perigos reais do mundo externo;
§  Neurótica - medo que os instintos escapem ao controle;
§  Moral (ou sentimento de culpa) - medo da consciência (pessoas com o superego muito desenvolvido)
Quando o Ego não consegue lidar com a ansiedade por métodos racionais, tem de recorrer a métodos irrealistas, que são os mecanismos de defesa do Ego.
Esta é a linguagem que nos espera meus amigos...
António Queiroz Martins

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